sábado, 11 de abril de 2015

Dia do jornalista



Tempos atrás uma grande amiga fez o seguinte comentário: “é incrível como as escolhas que fazemos quando jovem determinam nosso futuro”. Essa minha amiga, uma amiga que gosto muito, se referia ao momento profissional que eu vivo: jornalista formada, que trabalha como freelancer, a procura de emprego, com carteira assinada.

Minha amiga estava certa. Quando decidi cursar jornalismo, há dez anos, eu não imaginava, nem de longe, que essa escolha se refletiria de forma negativa na minha vida. Na época era a escolha certa a se fazer. Eu queria ser jornalista, queria escrever e não tinha dúvida nenhuma em relação a isso. Não conseguia me enxergar exercendo outra profissão e minha intuição dizia que eu estava no caminho certo. Pois bem, fiz a matricula na faculdade, trabalhei duro para pagar o curso, me privei de uma serie de coisas e estudei, com dedicação e seriedade.

Hoje me pergunto se tanta dedicação valeu a pena. Às vezes acho que sim, outras vezes - na maior parte do tempo -, acredito que não. Trabalhar no que se gosta é o máximo, mas ter dinheiro no bolso e na conta bancaria é compensador.

Longe de me colocar numa posição de vítima das circunstâncias sempre questiono se minha atual realidade – sem emprego fixo, sem dinheiro na conta -, não é fruto da minha falta de talento. Será que nasci para ser jornalista? Sempre penso que se tivesse real talento para profissão eu estaria bem empregada e estaria sendo bem remunerada. Recentemente minha chefe (chefe do freela fixo) disse que eu sou uma das poucas pessoas vocacionada que ela conhece. Eu gostaria de ter essa mesma certeza, mas não tenho. Sempre penso que se realmente tivesse vocação para a profissão eu estaria numa posição bem mais confortável na vida.

Talvez eu tenha idealizado tanto essa profissão a ponto de não enxergar que as coisas aconteceram; a seu modo, não como eu esperava ou desejava, mas aconteceram. Bem ou mal eu trabalho como jornalista e fico feliz quando no dia a dia uso coisas que aprendi na faculdade. Não consegui emprego numa grande editora, não fiz carreira num grande veiculo de comunicação. Mas tenho a sorte de trabalhar para uma revista, poder criar texto e vê-los publicados. Fico feliz quando vejo um texto que escrevi publicado - seja ele um texto institucional, uma reportagem, ou mesmo um texto que ajudei a editar - a conhecida ‘colcha de retalhos’.

Hoje enxergo que essa foi a forma que a vida tem me permitido exercer a profissão. E quem somos nós para querer brigar com as situações que a vida nos impõe? Entre acertos, erros e tropeços eu continuo vivendo o jornalismo a meu modo e também intercalo trabalhos, que pouco ou nada tem a ver com jornalismo, para garantir que as minhas contas sejam pagas em dia. O difícil saber se estou no lugar certo, fazendo a coisa certa...

Camila Santos





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