Anos de
terapia não me tornaram uma pessoa bem resolvida. Quem dera tivesse transformado. Continuo
com medos, inseguranças e angústias, que às vezes tomam conta de mim. São sentimentos
que, volta e meia, me paralisam.
Bem que eu
gostaria de ser mais assertiva, destemida e descolada. Com coragem, de sobra,
para encarar qualquer desafio sem titubear. No entanto, eu vacilo, eu travo, eu
tenho medo!
E não é medo
apenas das coisas ruins. Eu também tenho medo das coisas boas. Fico apavorada
quando algo que desejo, muito, começa a dar certo. No fundo, no fundo, tenho
vontade de sair correndo quando percebo que está tudo ok. Difícil de
entender? Tenham certeza que é mais difícil viver tudo isso; porque eu
simplesmente travo diante de situações que podem me trazer alegria.
É... eu sou
o tipo de pessoa que hesita antes de entrar no trem. Que fica parada olhando
para o ticket com medo de embarcar. Sou daquelas que reflete muito, mas muito
mesmo, antes de entrar no vagão e aproveitar a viagem - mesmo desejando muito
descobrir as surpresas que me aguardam no fim do destino. Eu penso, sofro e hesito
antes de seguir em frente. E sei que com essa atitude já perdi inúmeras viagens
(mas não só elas). Devo ter perdido muitos empregos e muitos amores também. Aliás,
acredito que deixei de viver muitas histórias de amor, por conta desse caos
interno que toma conta de mim.
Por outro
lado, estou me tornando alguém que tem coragem para falar o que sente. E eu sei
que agir assim, em um mundo onde esconder os sentimentos tornou-se normal, é um
sinal de muita coragem, não é mesmo? Agora, eu falo o que sinto vontade, sem vacilar. Mesmo correndo o risco de ser tachada de piegas, romântica ou careta.
Não tenho mais medo de expor os meus sentimentos e fraquezas. Não me importa que
vivemos em um mundo de “personas” perfeitas, decididas e bem resolvidas. Eu não
sou assim. E não quero viver essa personagem, porque eu sou de verdade. Eu não sou
fake.