quarta-feira, 20 de abril de 2016

O valor do Não



Cresci ouvindo minha mãe dizendo sim para todos. Ela jamais negou um pedido ou favor a alguém. Minha mãe é daquelas pessoas extremamente prestativas. Ela está sempre pronta para colaborar e ajudar seja quem for. Ela pode até deixar de atender um desejo dela, nem que para isso ela negligencie as suas próprias necessidades. Mas sempre (sempre mesmo) ela se prontifica a realizar o desejo das outras pessoas.

Essa disponibilidade da minha mãe sempre me causou certa aversão. Não porque eu não gosto de ajudar as pessoas, muito pelo contrário! Mas porque acompanhei a frustração da minha mãe, por inúmeras vezes, ao constatar o seu apoio e ajuda sendo retribuídos com ingratidão e esquecimento.

Daí você me fala: quem ajuda deve fazê-lo de coração, sem esperar nada em troca. Daí eu te pergunto: você não espera retribuição ou pelo menos o mínimo de consideração daqueles que um dia você ajudou? Por mais desencanados e bons que sejamos sempre esperamos o reconhecimento daqueles que apoiamos. Um dia podemos até abandonar esse mau hábito do “uma mão lava a outra”, mas isso não ocorrerá amanhã, nem daqui um ano, nem daqui a séculos, porque somos humanos e faz parte da nossa natureza esperar pela gratidão daqueles que um dia ajudamos. Está aí a política que não nós deixa mentir: ela é feita de troca de favores, de acordos, enfim de apertos de mão, que quando não cumpridos geram esse constrangimento todo que está aí; Dilma x Michel Temer.

O fato é que por algum motivo que Freud explica percebo que ando repetindo o comportamento da minha mãe. Tenho falado muitos sins e dito poucos não. E o pior: tenho falado sim para situações e pessoas que há muito tempo estão merecendo um NÃO bem grande. Sinto que estou sendo colaborativa demais e tenho recebido retorno de menos.  E isso tem se espalhado para todos os setores da minha vida (um caos).

Tô parecendo um robozinho programado para dizer sim. Estou funcionando no automático, como se minhas idéias e anseios não tivessem importância alguma; e isso tem que mudar!





Nenhum comentário:

Postar um comentário