Cresci ouvindo minha mãe dizendo sim
para todos. Ela jamais negou um pedido ou favor a alguém. Minha mãe é daquelas
pessoas extremamente prestativas. Ela está sempre pronta para colaborar e
ajudar seja quem for. Ela pode até deixar de atender um desejo dela, nem que
para isso ela negligencie as suas próprias necessidades. Mas sempre (sempre
mesmo) ela se prontifica a realizar o desejo das outras pessoas.
Essa disponibilidade da minha mãe
sempre me causou certa aversão. Não porque eu não gosto de ajudar as pessoas,
muito pelo contrário! Mas porque acompanhei a frustração da minha mãe, por
inúmeras vezes, ao constatar o seu apoio e ajuda sendo retribuídos com ingratidão
e esquecimento.
Daí você me fala: quem ajuda deve
fazê-lo de coração, sem esperar nada em troca. Daí eu te pergunto: você não
espera retribuição ou pelo menos o mínimo de consideração daqueles que um dia
você ajudou? Por mais desencanados e bons que sejamos sempre esperamos o reconhecimento
daqueles que apoiamos. Um dia podemos até abandonar esse mau hábito do “uma mão
lava a outra”, mas isso não ocorrerá amanhã, nem daqui um ano, nem daqui a séculos,
porque somos humanos e faz parte da nossa natureza esperar pela gratidão
daqueles que um dia ajudamos. Está aí a política que não nós deixa mentir: ela
é feita de troca de favores, de acordos, enfim de apertos de mão, que quando
não cumpridos geram esse constrangimento todo que está aí; Dilma x Michel
Temer.
O fato é que por algum motivo que Freud
explica percebo que ando repetindo o comportamento da minha mãe. Tenho falado
muitos sins e dito poucos não. E o pior: tenho falado sim para situações e
pessoas que há muito tempo estão merecendo um NÃO bem grande.
Sinto que estou sendo colaborativa demais e tenho recebido retorno de
menos. E isso tem se espalhado para
todos os setores da minha vida (um caos).
Tô parecendo um robozinho programado
para dizer sim. Estou funcionando no automático, como se minhas idéias e
anseios não tivessem importância alguma; e isso tem que mudar!