Eu escolho os meus
relacionamentos a dedo. No entanto, isso até seria bom não fosse pelo fato das
minhas escolhas serem feitas pelo meu dedo podre. Sim, eu tenho um dedo podre! Aliás,
é um dedão enorme de podre. É um dedo que consegue ir direto e reto nos homens
errados. Naqueles homens que com certeza vão me deixar esperando, sem nenhum
constrangimento, e me farão sofrer.
Meu dedo é certeiro. Ele
consegue atrair as melhores espécies do sexo oposto. Ora atrai um tipo galinha ora
atrai um tipo folgadão, quando não um tipo egoísta, daquele que enxerga apenas
o seu próprio umbigo.
As últimas espécies que
meu dedinho atraiu foram marcantes. Um tinha o ego lá nas alturas, se achava um
Deus - a última coca-cola do deserto. O outro gostava tanto de si mesmo que
parecia a própria reencarnação do Narciso. Teve também o cara de pau
comprometido que desejava compartilhar o seu amor entre eu e a sua namorada.
Por um tempo eu até pensei
que meu dedo podre tivesse me dado folga, mas depois percebi que meu dedinho
tinha apenas me dado uma trégua, para eu ganhar fôlego, até que o próximo
cidadão aparecesse.
Dessa vez meu dedo podre mirou
em tipo tímido. Sabe aquele sujeito com jeito de bom moço? Até agora eu não sei
onde eu estava com a cabeça para não ter desconfiado a tempo deste cidadão! O
tipo bom moço pisou na bola, fez feio. Mostrou ser uma coisa quando na verdade
era outra. Por um tempo eu até acreditei que o tipo “bom moço” merecia estar
perto de mim. No entanto, foi engano meu e do meu dedo.
Camila Santos